A seca que afeta o Semiárido nordestino desde 2011 deixou metade dos
504 reservatórios monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA) com
menos de 30% da capacidade de armazenamento de água.
“Esta é a pior seca nos últimos 30 anos. Se não tivermos um período de
chuvas de janeiro a maio em 2014, para recuperar os reservatórios, a
situação ficará gravíssima”, disse o superintendente de Regulação da
ANA, Rodrigo Flecha Ferreira Alves.
Para garantir o abastecimento para as pessoas, a ANA restringe o uso da água para
atividades produtivas como a irrigação e a piscicultura. A agência
acompanha a situação 45 açudes e seis rios de domínio federal no
Semiárido. Do total, em 16 açudes e três rios são obedecidas as regras
da ANA, abrangendo 91 municípios e cerca de 1,9 milhão de pessoas.
A restrição de uso mais recente foi determinada na segunda-feira (7)
para o Rio Piranhas-Açu, que corta a Paraíba e o Rio Grande do Norte, e
para os açudes de Coremas e Mãe D’Água, ambos na Paraíba, que estão com
34% e 33% da capacidade de armazenamento de água, respectivamente.
Desde a semana passada, nas cidades de Coremas, Pombal, Cajazeirinhas,
Paulista e São Bento, na Paraíba, e Jardim Piranhas e Jucurutu, no Rio
Grande do Norte, a água só pode ser retirada do rio e dos açudes para
qualquer atividade produtiva três vezes por semana das 2h às 11h. A
recomendação da ANA é que não seja feita irrigação entre as 11h e as
17h, pois, nesse período, muita água é perdida por evaporação. A agência
também alerta para que nenhum novo tipo de cultura seja iniciado neste
momento devido à possibilidade de não haver água suficiente.
“A prioridade de uso dos açudes é para abastecimento humano e consumo
animal. É muito importante que os agricultores implementem tecnologias de uso
eficiente da água. Não se pode ter no semiárido irrigação por
inundação”, disse o superintendente. Segundo ele, a ANA monitora
constantemente o nível da água para acompanhar o cumprimento das
medidas.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil reconhece que 1.484 municípios
nordestinos e do norte de Minas Gerais estão em situação de emergência
por causa da estiagem, afetando 10,67 milhões de pessoas. De acordo com o
Ministério da Integração Nacional, o governo federal investe mais de R$
16 bilhões para reduzir os efeitos da seca e amenizar as perdas econômicas, por meio de ações emergenciais, obras estruturantes e linhas especiais de crédito.
Segundo o ministério, desde janeiro de 2012, o governo destinou R$ 916
milhões para a Operação Carro-Pipa. Sob a coordenação do Exército, foram
contratados 5.809 carros-pipa para levar água a mais de 3,8 milhões de
pessoas em 815 municípios. Ainda de acordo com a pasta, o Programa Água para Todos
entregou 370 mil cisternas e a meta é construir mais 750 mil até 2014.
Além disso, o programa prevê a implantação de sistemas simplificados de
abastecimento de água para comunidades rurais de baixa renda.
O ministério informou que o Bolsa Estiagem é pago a mais de 1,1 mil
pessoas em 1.378 municípios, com a transferência de mais de R$ 1 bilhão.
O pagamento de R$ 80 é destinado a agricultores de baixa renda que
vivem em cidades atingidas pela seca.
O meteorologista Mozar de Araújo Salvador, do Instituto Nacional de
Meteorologia, explicou que a seca iniciada em 2011 ocorre por causa do
Dipolo Positivo do Atlântico, fenômeno oceânico que interfere no clima
do semiárido ao deslocar a formação de nuvens para o norte da Linha do
Equador, aumentando a precipitação no Oceano Atlântico. Assim, as chuvas
têm sido bem abaixo da média no Nordeste há três anos. Segundo ele,
ainda é cedo para dizer se a região nordestina terá mais chuvas em 2014.
Da Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário