Neste domingo, 28 de julho, é comemorado o Dia do Agricultor. Este
ano, no entanto, o homem do campo não tem muito o que festejar. Após um
período de estiagem, eles vivenciaram a chamada ‘seca verde’, quando há
registro de chuvas, mas as mesmas não são suficientes para uma boa
safra, como explica o presidente do Sindicato da Lavoura, Francisco
Gomes.
Segundo ele, a situação vivenciada por muitos agricultores é de perda
da safra. Em Mossoró, chegou a haver fortes precipitações
pluviométricas concentradas até em um só dia, não se pode dizer que foi
seco e a média de chuvas até foi boa, mas a distribuição irregular não
favoreceu o homem do campo, como lembra Francisco Gomes.
Ele comenta que houve trabalhadores rurais que perderam até três
plantios e que, dificilmente, será encontrada uma área de plantio com
boa safra.
Francisco Gomes explica que os trabalhadores rurais que sobrevivem da
agricultura familiar costumam trabalhar na roça de janeiro a maio ou
junho, quando o ano tem um bom período chuvoso, colhendo o fruto do
trabalho até o mês de agosto. Porém, quando acontece o que ocorreu este
ano, eles ficam sem ter com o que trabalhar no segundo semestre do ano.
O auxílio com o qual a categoria conta é o Garantia Safra. Mesmo
assim, a burocracia é grande e o benefício não contempla a todos. De
acordo com Francisco Gomes, dos, aproximadamente, 5.500 trabalhadores
rurais chefes de família em Mossoró, apenas cerca de 2 mil recebeu o
Garantia Safra. “E o resto?”, questiona o presidente do Sindicato da
Lavoura.
Com tantos problemas, os agricultores não têm o que comemorar. “Tem não”, diz Francisco Gomes.
Outro problema que aflige o homem do campo é a falta de pagamento do
‘Compra Direta’. De acordo com o presidente do Sindicato da Lavoura,
muitos agricultores venderam seus produtos ao Governo, mas, até agora,
não receberam o pagamento.
Outra questão que preocupa os agricultores diz respeito ao
abastecimento de água. Francisco Gomes afirma que, com as chuvas que
caíram em Mossoró, muitas cisternas, realmente, ficaram cheias. Depois
disso, através de visitas e constatação do volume dos reservatórios, o
abastecimento por parte dos carros-pipas foi interrompido. Porém, como
argumenta o presidente do Sindicato, há casas com cinco ou mais pessoas,
onde o consumo já chegou a 50%, o que leva à necessidade de retomar o
abastecimento.
Francisco Gomes informa que foi iniciada a construção de 704
cisternas, que contemplarão, entre outras, zonas rurais como Rancho da
Caça, Serra Mossoró, Lagoa do Xavier, Comunidade Jucuri, região do Sítio
Pau Branco, Sítio Jardim, Piquiri e Sussuarana. Ele estima que,
aproximadamente, 150 a 200 dessas cisternas já tenham sido construídas,
mas espera que, ao término da construção a Defesa Civil e o Município
retomem o abastecimento das comunidades, contemplando as áreas onde
estão sendo construídos os novos reservatórios e aumentando a frequência
do abastecimento.
De acordo com Francisco Gomes, hoje Mossoró possui 133 comunidades
rurais. Algumas delas são abastecidas por adutoras ou dessalinizadores.
São, segundo ele, 54 dessalinizadores e há perspectivas de que novos
desses equipamentos cheguem ao Município.
O Sindicato tem pedido ao governo que invista em projetos
sustentáveis. De acordo com o sindicalista, às vezes o agricultor tem
sua plantação próxima ao rio, mas não tem recursos para montar uma
infra-estrutura que leve água ao plantio. Uma boa alternativa, segundo
Francisco Gomes, é a perfuração de poços nas comunidades rurais.
Fonte: Gazeta do Oeste
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