Enquanto não sai o resultado do leilão do milho previsto para
segunda-feira (6) e que será doado aos Estados do Nordeste em situação
de emergência, a Companhia Nacional de Abastecimento só dispõe, hoje, de
duas mil toneladas de grãos para atender os mais de 18 mil
agropecuaristas do Rio Grande do Norte cadastrados na Companhia.
Em Natal, o armazém tem pouco mais de 445 mil quilos de milho
O
volume atual do milho em estoques na Conab, corresponde a apenas 5,87%
da capacidade de armazenamento das nove unidades de abastecimento
existentes em Natal e interior, que podem estocar até 34.100 toneladas
de grãos.
O superintendente da Conab, João Maria Lúcio da Silva,
informou que no começo da semana a Conab já havia recebido 222 toneladas
de milho e, ontem, chegaram mais 73 toneladas de milho ensacado para a
venda em balcão a saca de 60 quilos, no valor de R$ 18,00 para quem tem
direito a um limite de até três toneladas e R$ 21,12 para quem precisa
consumir entre 3,1 e seis toneladas.
No ano passado, a Conab
solicitou 93 mil toneladas, mas ainda faltam chegar 10 mil toneladas.
Para 2013, segundo João Lúcio, o pedido foi de 110 mil toneladas, mas
até agora só chegaram 18 mil toneladas. Ele explicou que no leilão do
dia 6 está prevista a aquisição de 83 mil toneladas de milho, dos quais,
cinco mil serão destinados à reposição dos estoques da Companhia no
Estado, sendo 1.500 toneladas para os armazéns de Natal, em Lagoa Nova e
Cidade Satélite, e 1.000 toneladas para os armazéns de Mossoró e
Umarizal. Além disso, terá a doação de 12 mil toneladas ao Governo do
Estado para venda direta aos agropecuaristas dos 142 municípios
atingidos pela estiagem.
Venda direta
Ao
falar sobre a doação de grãos ao Estado, o secretário estadual da
Agricultura, da Pesca e da Pecuária, José Teixeira de Souza Júnior,
afirmou que vai sugerir ao governo federal uma mudança no plano de
logística para o transporte das 12 mil toneladas de milho que serão
doadas ao governo do Estado. O secretário vai propor a venda direta do
milho aos agropecuaristas dos 142 municípios em situação de emergência,
na bolsa de commodities, sem que o Estado tenha que se responsabilizar
pelo transporte e venda do produto.
A proposta deve-se às
dificuldades operacionais para embarcar o milho, principalmente devido à
falta de caminhões graneleiros, hoje usados no pico da safra de soja,
no Centro-Oeste do país. Teixeira Júnior acredita, que hoje, a melhor
alternativa é que o produtor rural “compre o milho diretamente na bolsa
de commodities e ele mesmo faça o transporte dos grãos”.
Ele
disse que essa sugestão será feita ao secretário nacional de Política
Agrícola, Neri Geller, que hoje vai estar no Rio Grande do Norte
acompanhando ministros de outras pastas que vão se encontrar com os
prefeitos potiguares a partir das 9h30, na Escola de Governo, no Centro
Administrativo de Lagoa Nova.
Segundo João Lúcio caberá ao
governo um total de 28,8 mil toneladas, incluindo as 12 mil que serão
adquiridas no leilão da segunda. Pela Medida Provisória 610, de 2 de
abril deste ano, o governo será responsável pela remoção do produto até o
porto de Natal, onde deverá aportar os navios oriundos do porto de
Paranaguá (PR) entre os dias 15 e 21 de junho, pelo ensacamento e
distribuição.
Até 50% dos recursos recebidos com a venda do
milho doado poderão ser destinados para cobrir custos, mas a diferença
deve ser alocada em ações de apoio aos pequenos criadores, no tocante à
alimentação animal.
Sape afirma que proposta pode agilizar transporte
O
secretário estadual de Agricultura, Teixeira Júnior, afirmou “que nada
está certo”, mas a proposta do governo será no sentido de evitar que o
produtor rural fique na dependência da logística do navio ou dos
caminhões do sul. Ele mesmo poderia fazer o transporte, em caminhão
próprio ou alugando aqui, no Rio Grande do Norte.
“O comprador
teria a liberdade de escolher como fazer esse transporte do milho, tudo
ficaria mais fácil”. Ele frisou que “o ressarcimento ao agricultor seria
feito por intermédio da Conab. Precisariam apenas de uns ajustes nos
mecanismos que já existem”. Além do RN, a Conab destinará 30 mil
toneladas de milho para o Ceará, 16 mil para a Paraíba e 25 mil para
Pernambuco.
Teixeira Júnior disse a logística proposta pelo
governo pode agilizar o transporte. “O agropecuarista não pode esperar
mais tanto tempo para o embarque das 12 mil toneladas”, disse ele. A
previsão é de que o produto comece a ser liberado até a segunda quinzena
de junho para o porto de Natal.
“A demora é muito ruim para os
produtores rurais. Vamos tentar viabilizar outra forma de chegada do
milho”, disse Teixeira Júnior, para adiantar que o governo federal
poderá bancar o frete do grão.
Fonte: Tribuna do Norte.
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